quarta-feira, 21 de março de 2012

Missio Ecclesiae – Missão da Igreja



A Igreja, em Pentecostes, espontaneamente se torna “missionária em sua essência e coração” ao ser batizada pelo Espírito Santo. Sendo assim, o Espírito e a missão não podem ser separados, Ele preserva e cuida do fruto missionário, e este, precisa aprender a confiar no Espírito Santo, desde o princípio e ao longo de seu ministério. Isto significa dependência e suficiência total no Espírito.

Esta é a missão do Deus-Trino, Deus Pai enviou o Deus Filho, o Deus Pai e o Deus Filho enviaram o Deus Espírito Santo, e as três Pessoas, como um só Deus, enviaram a Igreja ao mundo. Ou seja, Deus escolhe, capacita, envia e produz os resultados da missão. Logo, a missão da Igreja (missio ecclesiae) não tem vida própria, mas como enviada tem o privilégio de participar da Missão de Deus.
Robson Rosa Santana cita Vicedom:

“não cabe à Igreja decidir se ela quer fazer missão, mas ela só pode decidir se quer ser Igreja”.

A tarefa missionária da Igreja é parte do decreto de Deus, se realmente quer ser Igreja ela precisa participar, isso não coloca os crentes ou a Igreja como centro da missão. Nem o homem, nem a Igreja, nem as agências missionárias são protagonistas na salvação. Toda a obra da redenção se inicia e se completa no Deus Trino. Fazer missão não está relacionado ao bem-estar ou glória humana, nem a expansão da Igreja, ela envolve a glória de Deus, porque o seu Ser e o seu Caráter são o fundamento da missão: “pois dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas, a ele pois a glória eternamente. Amém” (Rm 11.36). A missão da Igreja é a continuação da missão de Jesus. A missão do cristão é glorificar a Deus e proclamar o Evangelho, porque os frutos são acendidos pelo Senhor. Deus elege, o crente anuncia. A Igreja tem vocação missionária. Vocação que começa em Abraão. Não é a partir da Grande Comissão em Mt 28.18-20 que começa a responsabilidade da Igreja. É a partir da vocação de Abraão que, segundo a promessa de Deus, tanto seria abençoado como seria uma bênção para outras nações: “Ora, disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei... sê tu uma bênção... em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.1-3).
Doriana Maria de Carvalho refere-se a Gn 12.1-3, em paralelo com Mt 28.18-20 (a Grande Comissão no Novo Testamento), como a Grande Comissão no Antigo Testamento. Doriana esboça assim essa interpretação bíblica da missão:

1. Deus apresenta três promessas pessoais e específicas a Abraão:
a) “Sai... para a terra que te mostrarei.” (posse);
b) “de ti farei uma grande nação.” (promessa de uma posteridade);
c) “te abençoarei o nome, te engrandecerei.” (privilégios);
2. Deus exige responsabilidades: “Sê tu uma bênção.” (Gn 22.16-18): “e disse: Por mim mesmo jurei, diz o Senhor, porquanto fizeste isto, e não me negaste teu filho, o teu único filho, que deveras te abençoarei, e grandemente multiplicarei a tua descendência, como as estrelas do céu e como a areia que está na praia do mar; e a tua descendência possuirá a porta dos seus inimigos; e em tua descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz.”
a) Obediência;
b) Fé.
3. Deus faz duas promessas de poder a Abraão:
a) “Abençoarei os que te abençoarem” (os que colaborassem com Abraão estariam colaborando com Deus, portanto, seriam também abençoados);
b) “e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem” (o contrário);
4. “Em ti serão benditas todas as nações (famílias) da terra” (bênçãos espirituais a toda etnia da terra).

A missão deve ser vista como um atributo de Deus. É no próprio Ser e Caráter de Deus que a base mais profunda do esforço missionário é encontrada. Não conseguimos refletir sobre Deus exceto em termos que compelem à ideia missionária. Deus é um Deus de coração missionário. O propósito final da missão é glorificar a Deus, de modo que uma multidão de todas as nações, tribos, povos e línguas possam declarar o louvor e a honra, a glória e o poder de Deus por toda a eternidade. Portanto, Deus está no centro da missão. Ele é o alvo da missão. A missão existe para a glória de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.

Nos laços do Calvário que nos une,
Rev. Luciano Paes Landim.

www.lucianopaeslandim.blogspot.com

sábado, 17 de março de 2012

O QUE É SUCESSO?

O que é sucesso? O que é fracasso? Como discernir o verdadeiro do falso? Aparentes derrotas configuram-se em vitórias. Ilusórias conquistas camuflam-se em verdadeiras ruínas. Dramáticas quedas transformam-se em escalações triunfais. A derrota às vezes apresenta-se transvertida de conquista definindo fracasso como sinônimo de não viver o que se tem de viver. A vida é bela. A existência é modesta. A morte é o feitio da extenuação conformada com os troféus. A extinção é o retrato do alívio sagrado de poder partir para uma terra distante e exultante. Sucesso é o segredo de sucessivos atos bons ou ruins. É o entendimento do fracasso indumentado de glória. Vencer é perder o que nunca se deveria ganhar. Perder é ganhar o que nunca se deveria perder. Nos laços do Calvário que nos une, Rev. Luciano Paes Landim.

Missio Spiritu Sancti – Missão do Espírito Santo

Quando olhamos para o Espírito Santo vemo-Lo como a força motriz da Missio Dei. Edison Queiroz assevera: “Biblicamente, o Espírito Santo está intimamente ligado com a obra missionária”. Continua: “Infelizmente, hoje em dia há algumas igrejas que não entendem o propósito da vinda do Espírito Santo e desenvolveram uma teologia segundo a qual o Espírito Santo é dado simplesmente para nos ajudar a receber bênçãos – e não para servir a Deus, como é o propósito original. Não podemos aceitar essa dicotomia entre o Espírito Santo e a obra missionária. Se estudarmos a doutrina do Espírito Santo à luz dos propósitos de Deus, vamos descobrir que o Espírito Santo veio para ajudar o cristão a ter uma vida vitoriosa e assim ser instrumento de Deus para espalhar a glória divina através da salvação de outras vidas”. Só existe missão de acordo com Deus e com a Bíblia, se o Espírito Santo estiver no comando. O Espírito é indispensável à obra missionária. Missão é a realização prática da obra do Espírito Santo neste mundo em nome do eterno propósito de Deus e da aplicação efetiva da salvação em Cristo Jesus a todo o indivíduo que crê. O Espírito Santo é o principal protagonista da missão da Igreja. Ele é o diretor de todo o empreendimento missionário. Ele é o verdadeiro Evangelista. Sem Ele a obra de missão é impossível. É Ele quem unge o mensageiro. Quem confirma a Palavra, prepara o ouvinte e convence o pecador. Em tudo isso a preocupação do Espírito Santo é glorificar Jesus Cristo. Em Atos 1.8 tem-se o entendimento da Pessoa e o trabalho do Espírito Santo como sendo altamente missionário em caráter e propósito: “mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8). Ele é um Espírito Missionário que deseja trazer de volta para casa os filhos perdidos de Deus. At 1.8 não é uma ordem e sim uma declaração indicativa, explicando que, após serem cheios do Espírito Santo, os discípulos iriam ser levados a testemunhar da sua fé em todos os lugares do mundo. Nos laços do Calvário que nos une, Rev. Luciano Paes Landim www.lucianopaeslandim.blogspot.com

sábado, 10 de março de 2012

Missio Christi – Missão de Cristo

Quando olhamos para o Deus Filho, encontramos a realização plena da Missio Dei. A missão de Jesus no mundo foi buscar e salvar o perdido (Lc 19.10). Jesus é o Missionário do Pai. Jesus veio ao mundo como resultado de um comissionamento divino. Assim, a missão de cada cristão na Terra é a de viver e pregar o Evangelho para a glória de Deus (Mc 16.15). E à semelhança do próprio Jesus, ninguém tem o direito nem de se auto-comissionar, tampouco, igrejas e organizações missionárias, podem se colocar como meras “recrutadoras”, sem que antes haja provas incontestáveis e exigentes da vocação divina. O chamado de Deus é irreversível e irresistível. É Deus quem seleciona, escolhe, chama, capacita, sustenta e exige. Na obra missionária não entramos sem ser chamados e dela não conseguimos sair quando somos chamados. Deus deu o Filho e Jesus se deu a si mesmo para a salvação dos pecadores, então, podemos falar que a missão (mandato, incumbência, ministério) é a obra de Deus dada à Igreja que, seguindo o modelo de Cristo, proclama e anuncia por palavras e ações o Reino de Deus, avocando a todos ao arrependimento e conversão e a ter fé em Cristo, enviando-os a serem discípulos dEle. O significado é este: Jesus harmonizou sua própria missão auferida do Pai com a missão que Ele deu aos seus discípulos, quando disse: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” (Jo 20.21). É importante observarmos a ordem dos “envios” nesta passagem. Primeiro, o Filho de Deus foi enviado pelo Pai, o que torna Jesus o primeiro e Divino Missionário. Ele, por sua vez, enviou seus discípulos, tornando-os missionários do Evangelho. As ações de Jesus, durante todo o seu ministério, tiveram um caráter missionário. Consequentemente, missão é a efetivação histórica em favor de toda a humanidade através da encarnação, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Nos laços do Calvário que nos une, Rev. Luciano Paes Landim. www.lucianopaeslandim.blogspot.com

sábado, 3 de março de 2012

Missio Dei – Missão de Deus

As Escrituras Sagradas são claras e objetivas quando mostram que Deus está interessado na humanidade caída e vai ao seu encontro. O ser humano pós-queda não deu um passo sequer em direção a Deus. Deus é quem vem ou providencia seus enviados como mediadores, procuradores. Deste modo, o conceito de Missio Dei deve ser entendido como a origem, a motivação e o modelo de missão que está centrado em Deus e em sua natureza. George W. Peters cita Douglas Webster: “Nós começamos, então, onde a missão começa: com Deus”. Peters continua: “Apenas tal declaração faz justiça à alegação bem sustentada de Georg F. Vicedom de que a missão é Missio Dei”. Ou seja, a missão é um dos atributos pessoais de Deus. Isto significa que do início ao fim a missão cristã é a Missão de Deus, e não do homem. Assim, há a necessidade desesperada de que se busque uma teologia de missão que não seja antropocêntrica ou eclesiocêntrica (ou agenciocêntrica), mas teocêntrica. Missão é uma obra essencialmente de Deus. A universalidade do plano e da mensagem de Deus começa a aparecer em Gn 1.26-30. Como disse Thomas Reginald Hoover: “Há muitas referências ao plano universal de Deus no Antigo Testamento, mas as poucas que temos considerado demonstram além de qualquer dúvida que o Deus do Antigo Testamento é um Deus Missionário”. Vemos em Gênesis, pela primeira vez, que Deus é um Deus Missionário: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15). Deus foi o próprio Missionário ao se auto-enviar e anunciar a boa notícia no Éden. Depois o Deus Missionário enviou o seu único Filho para buscar e salvar o perdido: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). No texto bíblico citado diz que Deus deu Jesus ao mundo. O verbo “dar” neste sentido, não é meramente uma determinada pessoa abrir a mão e oferecer alguma coisa a outrem. Antes, é dar ou ofertar uma dádiva preciosa para alguém que não merece, sem impor o recebimento de alguma coisa em troca ou barganha. Foi exatamente o que Deus fez: ofereceu o seu Filho amado para resgatar o homem que se havia se afastado completamente dEle. Para entender sobre missão é preciso partir deste princípio: Deus deu o seu Filho e o próprio Filho se deu para salvação dos eleitos. Estudando as Escrituras Sagradas, entendemos, portanto, que Deus é um Deus Missionário. Ele enviou muitos missionários com tarefas específicas: 1. Deus enviou José para salvar Israel da fome: “Diante deles enviou um homem, José...” (Sl 105.17); 2. Deus enviou Ananias a Saulo: “Saulo, irmão, o Senhor me enviou, a saber, o próprio Jesus que te apareceu no caminho por onde vinhas, para que recuperes a vista, e fiques cheio do Espírito Santo” (At 9.17); 3. Deus é quem manda trabalhadores para a Sua seara (Lc 10.2; Mt 9.37,38); 4. Deus enviou o seu próprio Filho para resgatar os pecadores arrependidos (Jo 3.16). Quando olhamos para o Deus Pai só podemos vê-Lo como a única fonte da missão. De Deus procede e resulta a missão. É Deus quem, de fato, envia. Deus tem compaixão do pecador: “Em toda a angústia deles foi ele angustiado” (Is 63.9); Deus deseja que todos sejam salvos. O amor de Deus não conhece limites: “o qual deseja que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade” (1Tm 2.4); Timóteo Carriker expressa: “Portanto, ‘missão’ é uma categoria que pertence a Deus. A missão, antes de ter uma conotação humana que fala da tarefa da igreja, antes de ser da igreja, é de Deus. Esta perspectiva nos guarda contra toda atitude de auto-suficiência e independência na tarefa missionária. Se a missão é de Deus, então é dEle que a igreja deve depender na sua participação na tarefa. Isto implica numa profunda atitude de humildade e de oração para a capacitação missionária, uma dependência confiante em Deus, em vez da independência característica da queda, do dilúvio, da torre de Babel e do próprio cativeiro. Por outro lado, se a missão é de Deus, temos a segurança de que é Deus quem está comandando a expansão do seu reino, nos seus termos, e isto nos dá plena convicção de que ele realizará os seus propósitos”. Seguindo o esboço de Betty Bacon, o plano-mestre de Deus para a missão é: 1. Deus o elaborou “antes da fundação do mundo”: “... do cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Ap 13.8); 2. Deus o centralizou em Jesus Cristo: “isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens os seus pecados, e nos confiou a palavra da reconciliação” (2Co 5.19); 3. Deus leva ao máximo da história mundial: “será pregado este evangelho a todas as nações. Então virá o fim” (Mt 24.14); 4. Deus toma as iniciativas: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele” (Jo 3.16,17); 5. Deus usa instrumentos para executar o Seu plano grandioso: a) Todas as coisas (Sl 19.1-2); b) A história e cultura de todos os povos (Am 9.7; At 17.26,27; Ap 21.24); c) Seu Filho (Jo 3.16,17); d) Seus servos (1Pe 1.21; Sl 68.11; Mt 21.15,16); e) Sua Palavra (Jo 17.8; At 6.2; 2Tm 4.2). Roger Greenway fazendo menção do missiólogo Francis M. Dubose, diz que o mesmo afirma que a figura bíblica do verdadeiro Deus é comparada à de um grande e contínuo “Enviador”. Assim, missão é a objetivação do propósito eterno e benevolente de Deus que se origina em seu ser e caráter. Nos laços do Calvário que nos une, Rev. Luciano Paes Landim.

LANÇAMENTO DA REVISTA MISSIONÁRIA “MISSIO DEI”

Estamos no mês de aniversário da Missão SAEM. No dia 21 de abril, comemoraremos 18 anos de existência da Sociedade de Apoio Evangelístico e ...